No Webinar “Conhecimento Geológico e Atração de Investimentos”, realizado pela Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin) e mediado pelo seu presidente, deputado Zé Silva, os especialistas convidados trouxeram um panorama no mapeamento geológico do Brasil, desafios e perspectivas para o futuro.
Para o professor Roberto Perez Xavier, diretor-executivo da Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (ADIMB), a produção do conhecimento geológico poderia trazer componentes adicionais para dar mais objetividade e direcionamento às ações do setor mineral.
“Precisamos considerar novos espaços prospectivos para depósitos que contenham minerais estratégicos, importantes para a transição energética, com objetivo de ampliar os recursos. Também testar novas fontes alternativas de metais em depósitos que não estamos esperando que eles ocorram”, sugeriu.
O Serviço Geológico do Brasil, responsável pelo mapeamento básico do Brasil, representado no webinar pela assessora da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais, Lúcia Travassos, que demonstrou o cenário do mapeamento no Brasil. Veja abaixo:
Escala | Mapeamento do Brasil | Mapeamento da Amazônia |
1: 250.000 | 48% | 37% |
1:100.000 | 27% | 43% |
De acordo com Lúcia, 1:100.000 é a escala mínima de avaliação de potencial mineral de uma determinada área, “mas isso não significa que não sejam aplicadas escalas de maior detalhe em determinadas regiões”, afirmou. A perspectiva para os próximos anos é aumentar em 30% o mapeamento na escala de 1:250.00 e mais 20% na de 1:100.000.
Uma parceria de sucesso entre Estado, universidade e setor privado foi destacada pelo professor Pedrosa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). De acordo com o professor, por meio de um acordo de cooperação técnico-científico entre Estado e Universidades, de 1980 a 2018, foi possível mapear 100% do Estado de Minas Gerais na escala de 1:100.000.
“Nosso mapeamento bateu recordes internacionais em 20 anos, envolvendo 34 professores, com um custo total de 18 milhões de euros, mais ou menos 14 euros por km². A França, que tem um território quase do tamanho de Minas Gerais, levou 70 anos para ser mapeado na escala de 1:50:000, com uma equipe de 3 mil geólogos, ao custo de 300 milhões de euros; 544 euros por km²”, comparou Pedrosa.
Para o professor, a parceria entre entes e setores é simples e muito produtiva, pois além da produção do mapeamento geológico, contribui com a formação de geólogos na graduação, na qualificação de mestres e doutores na pós-graduação, na produção de conhecimento técnico-científico, gerando um apoio fundamental ao desenvolvimento do país.
Representando o setor mineral, Edson Ribeiro, diretor de Exploração e Processo Mineral da Vale, a corrida pelos minerais críticos, necessários para a transição energética, e pelos minerais estratégicos, essenciais para a segurança alimentar, precisam de uma resposta. E, segundo o diretor, é nesse ponto que entra a importância do conhecimento mineral.
“A mineração é uma indústria de grandes investimentos, bilhões de dólares, com um período de maturação e retorno de capital muito longos. O mapeamento básico reduz os custos, acelera o aproveitamento mineral e facilita o levantamento e acesso a capital nas bolsas de valores”, explicou.
Edson destaca, porém, que o mapeamento geológico básico não beneficia apenas o setor mineral, mas a sociedade como um todo, na medida que são produzidos também mapas de fertilidade para plantio; mapas de risco geológico e mapas de disponibilidade e sensibilidade hídrica, que geram guias de zoneamento econômico e planejamento urbano.