A reunião da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin) desta quarta-feira (8) abordou o uso do pó de basalto como remineralizador de solo (REM). A deputada Ana Paula Leão (PP/MG), coordenadora do tema mineração de basalto da Frente, foi quem solicitou o encontro e trouxe um especialista para falar do assunto. A parlamentar reside em Uberlândia, cidade do 1º Polo Agromineral Verde do Brasil.
O especialista Marcos de Matos Ramos, superintendente técnico da CAMPO, empresa que atua em projetos de Agricultura Tropical Sustentável em mais de 10 países, explicou que a utilização de pó de rocha como REM é uma prática comum em pequenas produções e na agricultura orgânica. “O nosso trabalho é com intenção de trazer esse uso para a agricultura comercial, exatamente por todos os benefícios que esse produto pode oferecer.”
O presidente da FPMin, deputado Zé Silva (Solidariedade/MG), que é engenheiro agrônomo, extensionista e ex-presidente da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) de Minas Gerais, destacou a importância do tema tanto para a agricultura quanto para mineração, principalmente pelo fato de a agricultura brasileira ter uma grande dependência de fertilizantes internacionais.
“Os remineralizadores rejuvenescem o solo, aumentam a produção e tornam as culturas mais resistentes e menos dependentes de fertilizantes, então isso é muito importante e deve ter sua produção estimulada”, avaliou Zé Silva.
O senador Zequinha Marinho (Podemos/PA) ressaltou o fato dos remineralizadores serem mais baratos que os fertilizantes convencionais e mais sustentável, por não gerarem rejeitos pela mineração do basalto.
“É um produto que transforma o solo antigo e desnutrido em um solo renovado, é muito mais barato e extremamente sustentável. Tudo isso foi demonstrado para nós por meio de estudos e dados técnicos e, com certeza, é uma grande oportunidade para o país”, disse o senador Zequinha.
Em relação a essa pauta, ocorreram dois avanços em 2023: os REM foram incluídos no Plano Safra, que é um dos principais instrumentos de financiamento federal, e no Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) incluindo metas de produção e uso. De acordo com o PNF, a meta é atingir 100 plantas de beneficiamento para produção de 2 milhões de toneladas anuais de REM a partir de produtos e coprodutos até 2030, sendo que a meta aumenta a cada 10 anos.
O chefe da Divisão de Agricultura Conservacionista do Ministério da Agricultura e Pecuária, Maurício Carvalho de Oliveira, e o vice-presidente do IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração), Fernando Azevedo e Silva, participaram da reunião, juntamente com os deputados Keniston Braga (MDB/PA), diretor de Relações Institucionais da FPMin; Evair Vieira de Melo (PP/ES), coordenador da FPMin sobre o tema rochas ornamentais; e a deputada Marussa Boldrin (MDB/GO).
Utilização do Basalto
Na sua apresentação, Marcos destacou os benefícios dos remineralizadores na agricultura. Veja alguns deles:
>> Aumento da capacidade de retenção de nutrientes da planta;
>> Estímulo à atividade biológica no solo e na região das raízes das plantas cultivadas;
>> Aumento da capacidade de retenção de água no solo, conferindo maior resiliência às plantas;
>> Fornecimento nutrientes indispensáveis ao desenvolvimento das plantas, tais como: K, P, Ca, Mg, Si, Fe, Mn, Ni, Zn, Cu, Se, Mo;
>> Melhoria da sanidade das plantas cultivadas pelo fornecimento de silício e, consequentemente, a redução do uso de agrotóxicos;
>> Melhoria da qualidade e da densidade nutricional dos alimentos.
O basalto também pode ser usado, de acordo com Marcos, para produzir vergalhões para a construção civil. “É um produto que não enferruja, tem uma resistência maior e um custo de produção menor, e pode acabar substituindo o tradicional de aço”.
Outro item produzido pelo basalto é a lã de rocha, que funciona como isolante térmico, acústico e redutor de temperatura. “Em ambientes construídos com drywall, por exemplo, é possível colocar a lã no meio da estrutura, que costuma ser oca. Dessa forma, se tiver um incêndio, a estrutura fica protegida pela lã que não pega fogo”, garantiu.