O Brasil possui os recursos minerais e precisa de um plano nacional para garantir o protagonismo na era da IA
A Inteligência Artificial (IA) tem sido aplicada em praticamente todos os setores da economia global, desde a educação até a indústria pesada.
As aplicações são inúmeras, vão da automação de processos industriais e administrativos, qualidade e controle, análise de dados e ajuda na tomada de decisões até monitoramento e otimização do consumo de energia nas instalações.
O presidente da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin), deputado federal Zé Silva (Solidariedade/MG), destaca que essas inovações já são realidade e dependem criticamente de uma base mineral.
“A IA veio para ficar e seu uso só tende a crescer. O que muitos não percebem é que por trás de cada avanço tecnológico, há uma demanda crescente por minerais críticos e estratégicos”, afirma.
Neste sentido, a revolução da IA é sustentada por uma gama de componentes eletrônicos que requerem minerais específicos. Chips de computador necessitam de silício de alta pureza. Baterias de lítio alimentam dispositivos móveis, mas também precisam de cobalto, níquel e grafite. Terras raras são essenciais para a fabricação de smartphones e telas de alta definição.
Durante o lançamento do Projeto de Lei que cria a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos (PNMCE) – PL 2780/24, Zé Silva defendeu ainda que, para aproveitar essa oportunidade, o país precisa de uma estratégia clara.
A disponibilidade e a sustentabilidade do fornecimento desses recursos são, portanto, questões críticas para o futuro da IA e da tecnologia em geral.
Esse não é um problema para o Brasil, que possui um grande potencial na área dos considerados minerais críticos e estratégicos, conforme destaca o vice-presidente da FPMin, deputado José Rocha.
“Nós temos nióbio, lítio, terras raras, cobalto, níquel, cobre, entre outros. Isso nos coloca em uma posição privilegiada no cenário global”, diz.
O parlamentar destaca ainda que o país pode se tornar um dos principais fornecedores mundiais desses minerais, essenciais tanto para a transição energética quanto para as novas tecnologias.
Para o deputado Keniston Braga, a proposta vai promover o desenvolvimento regional e a geração de empregos, nas áreas de mineração, por meio de parcerias entre empresas e comunidades locais.
“Com a implementação da PNMCE, esperamos que nos próximos 5 a 10 anos o Brasil se torne um líder global na produção sustentável de minerais críticos, contribuindo significativamente para a descarbonização da economia mundial, sem necessidade de frear a evolução tecnológica, e permitindo o desenvolvimento socioeconômico do nosso país”, comenta.
Já a coordenadora de Minerais Ferrosos da FPMin, Greyce Elias, explica que o projeto prevê mecanismos para garantir que a exploração mineral seja feita de forma sustentável, respeitando o meio ambiente e as comunidades locais.
“A proposta não se limita à extração. Queremos incentivar a inovação, a formação de mão de obra qualificada e o desenvolvimento de tecnologias nacionais”, completa.
Evolução das Inteligências Artificiais e a transição energética
Segundo informações do World Economic Forum, a quantidade de energia necessária para realizar tarefas de inteligência artificial está com um aumento anual entre 26% e 36%.
Nesse contexto, minerais como lítio, cobalto, níquel e terras raras são fundamentais para os sistemas de IA e para produção de baterias de alta capacidade, essenciais para veículos elétricos e sistemas de produção e armazenamento de energia renovável.
Para Zé Silva, a disponibilidade desses recursos será um fator determinante para a continuidade do progresso tecnológico e a mitigação das mudanças climáticas.
“O Brasil tem uma janela de oportunidade única. Com planejamento adequado e investimentos estratégicos, podemos nos tornar líderes globais não apenas no fornecimento de minerais críticos, mas também no desenvolvimento de soluções tecnológicas baseadas em IA”, conclui.
Por Ana Carolina Dias Schenk, da Revista Mineração & Sustentabilidade