A Economia Circular na Mineração é uma abordagem que busca transformar o ciclo de vida dos minerais, desde a extração até o descarte, em um processo sustentável com ênfase na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de recursos. Este modelo se opõe ao tradicional “extrair, usar e descartar”, criando no lugar dele um sistema fechado que visa minimizar o desperdício e otimizar a utilização dos recursos naturais.
De acordo com a empresa Vale, economia circular é mais do que garantir a reciclagem de todos os materiais ao fim de sua vida útil: o conceito envolve também repensar a forma como os produtos são projetados, manufaturados e comercializados, a fim de gerar menos resíduos ao longo do ciclo de vida, garantir maior durabilidade e promover a reutilização para outros propósitos.
Benefícios
Para a sociedade, a economia circular na mineração promete uma significativa redução do impacto ambiental, conservando recursos para gerações futuras e estimulando a inovação tecnológica.
Para as empresas, esta abordagem não só pode resultar em maior eficiência de custos, através da diminuição de despesas operacionais, como também fortalecer a resiliência de suprimentos e melhorar a reputação corporativa. Companhias que adotam práticas sustentáveis tendem a ser vistas de forma mais favorável por consumidores, investidores e reguladores.
Circularidade mineral
Minerais como cobre, alumínio, ferro, aço, ouro, prata, lítio, cobalto e níquel são exemplos de materiais que podem ser reciclados ou reutilizados. O cobre, por exemplo, é amplamente reciclado e reutilizado em eletrônicos e construção, enquanto o alumínio pode ser reciclado infinitas vezes, mantendo sua qualidade para uso em embalagens e automóveis.
Ouro e prata são recuperados de dispositivos eletrônicos e reutilizados na fabricação de novos produtos. Já a reciclagem de lítio, cobalto e níquel é particularmente relevante para a indústria de baterias recarregáveis, dada a crescente demanda por veículos elétricos.
Além disso, o uso de água recirculada é uma prática cada vez mais comum entre as grandes mineradoras no Brasil, refletindo o compromisso com a sustentabilidade ambiental. Esta prática reduz a demanda por água nova de fontes naturais e também minimiza a liberação de efluentes contaminados. A água recirculada é empregada em várias etapas do processo de mineração, incluindo o beneficiamento de minérios e o controle de poeira, demonstrando o potencial de práticas sustentáveis na indústria.
Devido à demanda cada vez maior por metais, minerais e outros recursos naturais, a economia circular, aliada às novas tecnologias, como Inteligência Artificial (IA), Machine Learning, nanotecnologia, robótica e automação, entre outras, torna-se não só uma alternativa, mas uma necessidade para o setor, a fim de atrasar o esgotamento de depósitos e a movimentação da atividade minerária para áreas mais distantes e sensíveis.
Desafios
A ampliação da economia circular na mineração enfrenta desafios tecnológicos, econômicos, regulatórios, sociais e políticos.
É preciso promover uma mudança do paradigma “extrair – produzir – usar – descartar”, no qual os produtos não são feitos para durar e possuem sua obsolescência planejada. Falta de infraestrutura e baixo incentivo para recicladores também afetam a viabilidade econômica dessas práticas em grande escala.
Além disso, falta um ambiente regulatório que incentive a adoção de práticas circulares, incluindo incentivos e apoio para pesquisa. E é notória a ausência de articulação entre estados e municípios e conscientização do consumidor sobre opções de reciclagem.
A indústria mineral, no entanto, tem buscado soluções para a redução dos rejeitos e para um melhor aproveitamento dos recursos naturais, com reúso de água, desenvolvimento de pesquisas e tecnologias para transformar resíduos em novos produtos (como fertilizantes e agregados de construção civil), desenvolvimentos de técnicas que eliminam a produção de rejeitos e ainda o descarte a seco, entre outras.